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Saia da zona de conforto


Deus não fará o que você deve fazer.
Cena 1

O rapaz entra no restaurante à hora do almoço, pede o cardápio ao garçom, escolhe o prato entre dezenas de opções, dá graças a Deus pelo alimento, consome, paga e vai embora.

Cena 2
No mesmo dia, uma mulher diz ao marido que precisam trocar o carro, pois o atual está dando muita manutenção, já não cabem as bagagens da família quando vão viajar, etc.
Após ter orado por alguns dias pedindo a direção de Deus na escolha do carro novo, chega o dia em que consideram viável financeiramente fazer a troca do veículo, então dirigem-se à concessionária, negociam o carro escolhido, dão o velho como entrada e saem felizes com a nova aquisição.

Cena 3
A moça teve seu primeiro namorado aos 17 anos, mas o relacionamento não foi adiante por diversos motivos.
Ao longo dos anos tentou se relacionar com alguns homens. Ao final de cada namoro ela ficava cada vez mais desanimada. Gostaria de se casar um dia, mas sempre ficava na dúvida: “Será que vou encontrar o homem de Deus pra mim?”.
E ficava confiante que Deus tinha alguém para a vida dela, esperando que um dia este alguém aparecesse e arrebatasse seu coração.

Voltando à realidade
As pessoas das 3 cenas - todas fictícias, claro - são cristãs (já nasceram de novo), têm um relacionamento com Deus e desejam de todo coração fazer a vontade dEle. O amor de cada uma pelo Pai é tamanho que não gostariam de desagradá-lo em nada, sob nenhuma hipótese.

Entretanto, parece que cada personagem tem uma visão diferente da vontade de Deus para sua vida.

Para o rapaz do restaurante, uma refeição diária é tão trivial que não lhe é necessário aguardar uma revelação celestial para saciar sua fome diária. Chega, pede, dá graças, consome, paga e fim. Simples assim. O pão de cada dia lhe foi dado por Deus, e pronto. Sem crises de consciência, se o prato pedido era o que Deus tinha pra ele, se Deus se agradaria daquela massa, ou se seria mais adequado comer uma salada com um grelhado, e por aí vai. Deus supriu sua necessidade, como prometeu em Sua palavra, e não houve problema algum.

O casal, que orou pedindo sabedoria a Deus para fazer um negócio um pouco mais “caro”, após decidir que poderia assumir o novo carro, foi lá, fez o negócio e ficou tudo resolvido. Nenhuma espera pela indicação divina se devia adquirir aquele modelo ou outro, aquela cor ou outra, aqueles opcionais ou nenhum. Foram, escolheram, compraram e saíram felizes.

Mas por quê, me responda, a pobre moça deveria espera que o anjo Gabriel (ou sei lá quem é o responsável pela divisão de assuntos amorosos no Paraíso) lhe mostrasse o rapaz com quem deveria se casar?
Por quê, me responda ainda, Deus deveria ser o responsável por sua escolha, se ela é quem conviveria com o sujeito “até que a morte os separe”?
OK! Há um padrão para a escolha: ele deveria ser da mesma fé, para que não se colocasse em jugo desigual, etc, etc, etc…
Cada um tem seus parâmetros de escolha, seja de uma refeição, de um caro novo ou de um cônjuge.
Não deveria ser difícil escolher alguém com quem se tenha afinidade, a quem apeteça fisionomicamente, uma pessoa agradável, companheira, com valores desejáveis/desejados, etc.
Mas por quê - e não pergunto mais porquês, Deus deveria escolher a pessoa em meu lugar?
A resposta é que não queremos pagar o custo de oportunidade ao escolher alguém para nossa vida. Em economia, “custo de oportunidade” é o custo de algo em termos de uma oportunidade renunciada, ou seja, o custo, até mesmo social, causado pela renúncia do ente econômico, bem como os benefícios que poderiam ser obtidos a partir desta oportunidade renunciada”¹.
Trocando em miúdos, desejamos fazer a escolha tão acertada, com 0% de erro, que não nos arriscamos a levantar da cadeira se Deus não vier em pessoa e nos disser: “Esta é a pessoa que tenho pra você!”. Afinal, porque será que aquela pessoa, ao invés desta, não seria melhor pra mim?
Quer saber? Isto nunca vai acontecer, porque Deus lhe deu algo chamado “livre arbítrio”, ou seja, escolha o que você quer, mas escolha bem, porque a semente plantada dará frutos de acordo com sua espécie.
Pare de esperar “o melhor de Deus pra você”, deixe de acreditar que “Deus não demora, Ele capricha”, e tantas outras filosofias de Facebook que se espalham pela internet feito pé de abóbora no quintal.
Deixe seu mundinho, saia, faça amizades, divirta-se, descubra gente nova, arrisque um encontro, conheça e dê-se a conhecer, namore alguém por quem se apaixone sem achar que é “agora ou nunca”. É melhor o “devagar e sempre”.
Faça tudo isso buscando agradar a Deus e conhecer Sua vontade. Descubra a vontade de Deus ENQUANTO faz a SUA parte.
Assim eu penso que é mais provável que você encontre alguém que está em busca de alguém como você.
Não é pecado tentar. Pecado é ficar dizendo que Deus está guardando o que é seu enquanto o que Ele tem pra você está aí pra ser descoberto, com responsabilidade e santidade, até que você deixe a preguiça, o medo, a vergonha e mais um caminhão de valores distorcidos de lado e vá em busca da sua felicidade.
Que Deus nos ajude a cumprir Sua vontade, enquanto nos dedicamos a tirar a pedra.
Ele não fará o que você deve fazer.

Deus lhe abençoe.

E que você encontre o seu amor.

¹ http://pt.wikipedia.org/wiki/Custo_de_oportunidade



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Deus lhe abençoe!

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